ENTREVISTA com ASTRIX
Entrevista com Astrix
Giselli Souza
Em apenas quatro anos de carreira, o russo naturalizado em Israel, Avi Shmailov, já tem muita história pra contar. Aos 25 anos, Avi já percorreu os melhores clubs do mundo, tendo tocado para mais de 200 mil pessoas na Love Parade 2004 em Israel. Conhecido na cena psytrance como Astrix, o Dj e produtor figura hoje entre os Top 100 Djs da revista DjMag. Ao lado da dupla Infected Mushroom, seus ídolos confessos, marcou a história do ranking emplacando pela primeira vez o psychedelic trance.
Apaixonado pelo Brasil, Astrix chega em São Paulo nesta semana para fechar com chave de ouro, às 6h30, o palco Tribe no Skol Beats. O segredo para tanto sucesso, em especial com os brasileiros, é a mistura de melodias com psytrance full on. “ Faço música para as pessoas sorrirem”, diz Astrix. Nesta entrevista exclusiva para o Psyte, o artista fala dos novos projetos que incluem o terceiro álbum – ainda sem nome definido – e um novo disco que fugirá totalmente da linha psicodélica.
Psyte: Quais são as suas expectativas para a apresentação no Skol Beats?
Astrix: É sempre uma experiência nova tocar para vocês. A minha última apresentação no Brasil foi na festa de cinco anos da Tribe. Até então, eu considero esta como sendo a melhor da minha vida. Porém, com a expectativa em torno do festival, pela diversidade dos artistas e pela dimensão, tenho certeza que minha opinião irá mudar.
Psyte: Pela quantidade de artistas israelenses que atualmente fazem sucesso na cena psytrance, você considera o país um berço da música?
Astrix : Sem dúvida. Israel é um país muito bonito. A própria natureza serve como fonte de inspiração para os artistas. Além disso, é a nossa arma contra a imagem que o mundo tem do nosso país. O psytrance israelense é feito com base nesse sentimento. Nem tudo é como parece ser na televisão. Nós somos um povo feliz e também temos um cotidiano normal como ir trabalhar, estudar, sair à noite. Não é porque vivemos em guerra que nós não temos vida.
Psyte: Com tanto trabalho você consegue ter tempo para se divertir?
Astrix: Geralmente quando estou aqui eu toco pelo país afora em casas noturnas. Dificilmente alguém me encontra em casa (risos). Se não estou em Israel, estou no Japão, México, Europa... Eu não reclamo dessa correria porque é a vida que eu sempre quis ter. É o meu trabalho. Além disso, eu não sou o único. A maioria das pessoas que vivem da cena eletrônica em Israel tem um cotidiano diferente. Dormem durante o dia, trabalham à noite... A questão é se organizar. Para ficar com os meus amigos e a minha família eu encontro tempo.
Psyte: Antes de seguir carreira solo você contribuiu com vários artistas como Alien Project. Qual álbum você considera como sendo o primeiro?
Astrix: O primeiro álbum oficial foi pela gravadora Hommega, “Eye to Eye” em 2002. Depois veio o meu primeiro single “Coolio”, que quase ninguém tem (rs), seguido de “Artcore” também pela Hommega e finalmente “Psychedelic Academy” (Hit Mania UK) no ano passado. Sempre fiz parcerias com vários artistas. Ari Linker do Alien Project é um grande amigo assim como Erez & Duvdev do Infected Mushroom. Estou finalizando agora o meu terceiro álbum que deve sair no final deste ano. Aliás, quem tiver sugestões para o nome pode enviar para o site da Hommega (rs). O melhor vai ganhar até um prêmio...
Psyte: Em uma recente entrevista para um site israelense, você afirmou estar com vontade de deixar o psytrance. É verdade?
Astrix: As pessoas entederam errado...Eu nunca vou abandonar o psy. Depois que eu lançar o terceiro disco, vou preparar um álbum experimental onde vou percorrer a música eletrônica mais para o lado do house. No entanto, os fãs não devem ficar aflitos porque na própria apresentação do Skol Beats vou mostrar algumas faixas do meu novo álbum psy.
Psyte: A fórmula “pop”, melodias, guitarras e ambient, é muito utilizada por artistas como Skazi, GMS e você. É difícil emplacar no público um som mais underground?
Astrix: Eu não acho que seja um problema fazer psy melódico. Acredito até que para as pessoas que não conhecem música eletrônica, é mais fácil gravar uma rima do que uma batida. Além disso, a melodia faz com que a música fique mais alegre. Eu faço música para as pessoas sorrirem.
Psyte: Esse estilo é puramente comercial, concorda?
Astrix: Com certeza. Porém, a música comercial atinge um maior número de pessoas que não são adeptas ao estilo. Eu consigo não só conquistar o público psytrance como também aqueles que são de outras vertentes, como o house, por exemplo.
Psyte: Em uma recente entrevista ao Psyte Dj Feio disse que artistas como você e GMS não são idolatrados fora do Brasil. Você concorda com essa afirmação?
Astrix: Eu acho que o Brasil é o país que tem a maior cena psytrance do mundo. Obviamente a manifestação do público é bem maior. Nas festas que eu toco as pessoas chegam a até chorar em algumas músicas, balançam a bandeira de Israel, etc. No entanto, em países como Japão, Inglaterra e México nós também somos aplaudidos. A diferença é que no Brasil as pessoas são mais emotivas do que nos outros países.
Psyte: Você gosta desse assédio no Brasil?
Astrix: Adoro. A energia que os brasileiros têm é única. As pessoas cantam, dançam, sorriem, choram... É uma força muito grande. Me sinto honrado de tocar no país de vocês.
Psyte: Existe alguma música que você sabe que o público se emociona?
Astrix: Pela experiência que eu tive de outras apresentações, a música “Sex Style” é a que mais provoca reações do público. Certamente irei tocá-la no Skol Beats.
Psyte:Quais artistas você admira?
Astrix: Gosto muito de Infected Mushroom, GMS, Wrecked Machines e Du Serena. Já fiz diversas compilações com Alien Project, PsySex, todos projetos que eu gosto.
Psyte:Você ouve outros estilos de música?
Astrix: Ouço todos os estilos de música. Em especial rock, ambient, house... Gosto de música comercial. Apesar do psytrance estar hoje no topo das paradas, acho super importante ouvir outros estilos. Para mim, a música não tem limites.
Psyte: Quais são os seus planos?
Astrix: Finalizar a produção do meu terceiro disco e curtir um pouco a minha vida. As coisas aconteceram tão rapidamente na minha carreira que hoje eu só quero pensar em ficar com a minha família, meus amigos. O que eu mais desejo é ficar em casa e dormir. Quero escolher mais os lugares onde eu vou tocar, como agora no Skol Beats que é um grande festival.
Psyte: Como a sua família vê a sua carreira?
Astrix: Eles estão muito orgulhosos do meu sucesso. Pena que eu não consigo vê-los tanto (rs).
Psyte: Você fará mais apresentações no Brasil além do Skol Beats?
Astrix: Não. Depois do show embarco para o Japão onde sigo em turnê. Logo depois vou para Barcelona e fico viajando pela Europa por um tempo.
Psyte: Você pretende assistir algum artista no Skol Beats? O que os fãs podem aguardar do seu live?
Astrix: Sim. Quero muito ver o Prodigy, além das apresentações do palco Tribe. Será uma hora e meia de live act com as músicas antigas e também as novidades do meu terceiro álbum. Certamente será um show que ficará na minha memória e na dos fãs.
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Fotos por Bruno Pavão

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